Encontro do Rio de Janeiro de 5 e 6 de dezembro de 1997
Na casa do Rio Maria acolheu o grupo de Macondo no Brasil. Os preparativos foram atenciosos, com arrumaìção de mesas, disponibilidade de motoristas de táxi, cozinheiros e garìçons uniformizados. E o calor do verão no coraìção. Dava para sentir.
Foi um encontro histórico: com essas palavras poderia comeìçar também um livro de história. Ma o encontro do Rio foi um encontro importante de verdade. E ainda continuamos na genericidade: vamos pois aos nìúmeros, que são o salva-vidas das baleias. Sentam em volta da mesa quatorze pessoas, incluindo os homens e os liberados sindicais. Faz calor; e é por isso que o Maurizio comeìça a falar, aproveitando o clima para despejar o relatório das atividades de Macondo no Brasil: busca de autonomia; descoberta do papel de Macondo no Brasil; reduìção das visitas dos italianos. Um novo compromisso dele em Teofilo Otoni o afastou de uma relaìção com o centro e com a Casa do Rio de Janeiro. Salvino Medeiros, que é o Coordenador do CCAPP e do Macondo Brasil. afirma que o conhecimento de Macondo e as experi ências com a Associaìção ajudaram bastante nas atividades dos direitos humanos, pois o direito de uma pessoa existe só quando é reconhecido pela comunidade onde vive. Trabalhar com os direitos humanos significa então trabalhar além da assist ência, no respeito da pessoa. Dilvo abriu a universidade de Vitória ao território. E também acendeu um curso de Italiano, acessìvel também no que diz respeito aos custos. Leìōnidas fala das suas atividades de acompanhamento, e das relaìçìões com a Itália sobre projetos em área sindical e formaìção. Dos outros não sempre consigo lembrar as palavras e os suspiros; lembro que estavam tensos e atentos, na busca de um sentido e de uma colocaìção, desejosos de se reencontrar e construir novos caminhos.
Uma exig ência comum continua sendo a da informaìção e é também por isso que comeìça esta pequena contribuiìção em portugu ês, que a redaìção na Italia em colaboraìção com Maurizio, depois de uma forte pressão do grupo Macondo no Brasil, dá à luz; queira o céu que tenha uma vida cheia e feliz. Mais outras coisas, não secundárias, embora no fim: precisa selecionar os italianos que vão para o Brasil no que diz respeito aos interesses e aos objetivos; dar um bom preparo aos brasileiros que vem para a Itália, com relaìção à lìngua e à capacidade de se relacionar com a situaìção italiana. No final dos trabalhos foi eleito como Coordenador para 1998 e 1999 Leìōnidas Cardoso Junior que se comprometeu em manter as relaìçìões do grupo também através da informaìção centralizada no Rio. Longa vida a Leìōnidas, homem do povo!
No encontro não faltou a palavra de Giuseppe Stoppiglia, da qual em outra parte oferecemos o texto na integra. Se de alguém não falei, foi só por emoìção; se de alguém falei demais, foi só para lhe dar consolo. Ademais a crìōnica é serva da história; e a história pertence a poucos; em outro lugar vendem-se os bilhetes da rifa: mais saudaveis e mais bonitos como sinal de engajamento histórico.
Construir juntos pontes e arcoiris
DE GIUSEPPE STOPPIGLIA “Não há, numa vida inteira, Para buscar de entender a filosofia de Macondo precisa partir deste princìpio fundamental: a vida, a nossa vida toma sentido pela exist ência dos outros. Para nós não é só uma questão ética para nos preocuparmos com os outros. È que, sem os outros, a vida não tem sentido. Assist ência e polìtica Esse agachar-se é de veras o gesto universal, de valor absoluto. Não é se agachar para levantar os outros; isso é religião. Se agachar para que outro possa se levantar: isso é polìtica. Quer dizer oferecer um apoio para que o outro possa se levantar sozinho. Percurso educativo Se o domìnio que o Ocidente, o Norte do planeta, exercitou por séculos, não foi só econìōmico e polìtico, mas foi também cultural, todo caminho de libertaìção deverá ser, necessariamente, um percurso educativo. Educaìção solidária, não violenta, capaz de celebrar a diversidade, que não privilegia o conhecimento racional, mas recupera a intuiìção. Precisa olhar para todas as periferias do mundo e para todos os sujeitos excluìdos (pobres, mulheres, jovens, idosos) para que se tornem protagonistas de uma caminhada de auto-educaìção coletiva, que permita a formaìção de uma consci ência polìtica e para não ser atropelados pelo fluxo continuo de informaìçìões, relacionando pelo contrário os diferentes elementos. A conjuntura O nosso sistema, a organizaìção da sociedade é auto-referenciada. È um sistema cresce sobre si mesmo. Existe um circuito viciado que esmaga as pessoas. Exasperam-se as necessidades individuais, enquanto se reduz cada vez mais, até desaparecer, em certos âmbitos, a partilha dos valores. A efici ência e o funcionamento do sistema são mais importantes do que alcanìçar objetivos de eficácia. Não há fixaìção de hierarquia sobre alguns valores compartilhados; por isso as estruturas e os processos dominam sobre o homem, que não tem valor de consolo ou ideológico. |
Intercambio cultural: algun desafios e perspectivas a luz da filosofia da Associazione Macondo DE SALVINO DOS SANTOS MEDEIROS Introduìção Este texto pretende apresentar contribuìçìões para a construìção e desenvolvimento de uma politica de intercambio socio-cultural para a Associazione Macondo no Brasil, a partir dos principios que fundamentaram sua constituiìção, numa perspectiva de encontro entre pessoas de differentes paìses e continentes. Uma nova cultura de intercambio socio-cultural à luz da proposta Macondo Entendo a proposta de intercâmbio socio cultural inovadora, como uma oportunidade de refletirmos a necessidade da superaìção de fronteiras que dividem e separem as populaìçìões do mundo. Nesse contexto, conhecer outras pessoas e culturas representa algo mais profundo do que sadisfazer curiosidades pessoais, pois implica em partilha de experi ências, num gesto de solidariedade ativa, que pode se realizar de diferentes formas, desde a socializaìção ou partilha de conhecimentos à cooperaìção técnica/financeira, em prol da supressão de injustiìças. O perfil dos referentes da Macondo no Brasil Coletivo Macondense no Brasil é composto por pessoas que desenvolvem ou desenvolveram atividades sociais, sejam elas de mobilizaìção e organizaìção popular, acad êmica, religiosa etc., em seus Estados ou Municpios. T êm essas pessoas, portanto, uma atuaìção especifica na sociedade, que revela um comprometimento com a necessidade de modificaìção das atuais relaìçìões que predominam na sociedade brasileira. Aproveitando melhor a contribuiìção de visitantes Uma das iniciativas a ser consolidada, uma vez que em vários momentos foram efetivadas com êxito na maioria dos Estados onde Macondo tem reprsentantes, é o melhor aproveitamento da experi ência de vida do visitante. Significa, que ao acolhermos profissionais, de qualquer área, podemos organizar sua participaìção no processo de intercâmbio, de forma a construirmos mecanismos de integraìção entre eles e a comunidade visitada. Para que isso aconteìça necessitamos transformar essa pratica em cultura da Macondo, assimilada pelo seu coletivo de representaìção, o que exige um planejamento prévio, que inclui o acesso a informaìçìões sobre o perfil dos participantes do intercambio, seus interesses e disponibilitade. Pensando a dinamizaìção de Macondo-Brasil Penso que para se construir como uma experi ência inovadora de intercâmbio sócio-cultural a Associazione Macondo/Brasil deve investir em iniciativas atrativas e de desenvolvimento social, tanto a nìvel nacional quanto internacionalmente. Uma delas é o intercâmbio nacional. Quero dizer, o estimulo ao encontro dos proprios brasileiros nas diferentes regioes, a partir de um projeto objetivo, capaz de incorporar a participaìção de jovens e adultos interessados nele. |